Comunicação Social

Aqui publicamos algumas notícias extraídas de orgãos de comunicação social local, regional e nacional.

Rancho Folclórico e Etnográfico “Os Azeitoneiros” em França

As raízes da cultura tradicional da freguesia de Alvorninha, continuam a expandir-se no panorama mundial, como aconteceu entre 1 e 6 de Junho, em La Croix Valmer, uma localidade do sul de França, composta por cerca de 3000 habitantes, dos quais 10% são portugueses, tratando-se assim da localidade francesa com maior percentagem de portugueses por habitante. 

O motivo desta deslocação deveu-se a um convite formulado pela Association du Golfe “Esperança”, uma associação portuguesa da qual é presidente António Martins, natural da cidade das Caldas da Rainha e emigrante em França há algumas décadas. O evento assinalou o 9º Festival de Folclore e Cultura Portuguesa nesta localidade e contou com a presença de outros dois grupos portugueses que viajaram de Viegas e Aveiras de Cima, para além de um terceiro composto por emigrantes portugueses de Antibes (França).

De salientar que nesta altura do ano, a população local aumenta de 3000 para 40.000, dada a afluência de turistas de outras regiões e do estrangeiro, não fosse La Croix Valmer um destino balnear por excelência na região do Côte D´Azur

Ao longo destes dias, a sala Charles Voli, salão nobre da Câmara Municipal, abriu as portas para proporcionar a todos os visitantes, folclore, etnografia, gastronomia e bailes tipicamente portugueses.

A abertura oficial teve lugar no sábado, dia 3, e contou com a presença do presidente da Câmara, deputados locais, do cônsul português em Marselha, do presidente da região de turismo e do presidente da associação portuguesa de La Croix Valmer – António Martins. As entidades locais, bem como o cônsul, salientaram na sua intervenção a postura dos emigrantes portugueses, quer ao nível laboral, quer ao nível da vivência diária através do relacionamento e integração nas comunidades de acolhimento. 

Seguiu-se no palco montado frente à sala Charles Voli a primeira actuação dos “Azeitoneiros”, que abriram a tarde com o seu folclore, colhendo do público presente calorosos aplausos pela sua prestação. A noite ficou a cargo do conjunto Nova Imagem, de Paris.

A manhã de domingo encheu-se de pessoas espalhadas pelas ruas, que aguardavam a passagem dos grupos que iriam passar em desfile. Momentos de proximidade com a população local e com um grande número de turistas, através de mostras de danças e cantares que ocorriam espontaneamente ao longo do percurso. À tarde, novamente no 9º Festival de Folclore Português, já no seu segundo dia, houve mais um grupo para além dos oriundos de Portugal, pertencente a Antibes/França e composto por emigrantes.

No final das actuações, o palco concentrou as entidades locais para dirigirem aos presentes as palavras de encerramento do fim-de-semana inteiramente dedicado à cultura portuguesa, bem como efectuarem a troca de lembranças. O presidente da colectividade portuguesa local, António Martins, agradeceu a todos os grupos participantes, às entidades e empresas locais e acima de tudo à população portuguesa de La Croix Valmer, que enalteceu a cultura lusa nesta iniciativa. 

A Câmara Municipal teceu grandes elogios à qualidade dos grupos portugueses, referindo um pormenor muito peculiar para quem não conhece a realidade do folclore português: a autenticidade dos trajes e etnografia no seu mais alto nível. Uma observação que confere à representação caldense da freguesia de Alvorninha e aos restantes um reforço na sua auto-estima no trabalho genuíno que têm desenvolvido em prol da cultura tradicional ao longo das últimas décadas. 

A noite de domingo foi encerrada por um duo musical vindo de Leiria e após o pequeno-almoço de segunda-feira, os membros do grupo despediram-se de todos os anfitriões, deixando no ar a palavra mais portuguesa: “Saudade”. 

Seguiram depois rumo ao Mónaco, passando por St. Tropez e Cannes, onde chegados ao destino, tiveram oportunidade de visitar o Casino de Montecarlo, o exterior do palácio da família real monegasca e desfrutar de uma vista deslumbrante sobre a cidade e os barcos e iates atracados no porto. O aparato da recente prova de fórmula 1 era ainda bastante visível, com a desmontagem das infraestruturas que serviram de suporte à prova.

Chegado a Portugal, o grupo tinha, à semelhança de todas as outras saídas ao estrangeiro, um grande leque de amigos à sua espera, com a boa gastronomia portuguesa que a todos conforta.

Os Azeitoneiros” estão de partida para uma nova internacionalização no próximo dia 7 de Julho, desta vez à Irlanda.

Francisco Gomes // Edição de 27-06-2006

Expoeste
Festival Internacional de folclore das Caldas da Rainha

No próximo dia 13 de Agosto, pelas 21:30h, na Expoeste, terá lugar a 5ª edição do Festival Internacional de Folclore da cidade das Caldas da Rainha - Caldas Interfolk Festival, com os grupos Asociacion Alborada Ballet Folclorico de Burgos Y Voces Castellanas (Espanha), Grupo Folclórico da Ponta do Sol (Madeira), Zéspot Piesni I Tanca Hrubieszow (Polónia) e o grupo organizador, Rancho Folclórico e Etnográfico “Os Azeitoneiros” de Alvorninha. 

A 1ª edição do Caldas Interfolk Festival teve lugar na Expoeste no ano de 1999, inserido na Expotur – Festa de Verão, fruto de uma organização do Rancho Folclórico e Etnográfico “Os Azeitoneiros” de Alvorninha e para o qual contou com três representações estrangeiras: Polónia, Turquia e Israel. 

Uma experiência e simultaneamente um desafio aliciante que marcou a génese de um projecto que visa oferecer à cidade, ao concelho e à região Oeste um evento multicultural à dimensão internacional, de cariz tradicional e popular, bem como privilegiar e promover o entendimento e o respeito pelas diferenças culturais num intercâmbio de valores humanos na construção da amizade e paz ao nível mundial. Ao divulgar o folclore do seu país à assistência e aos restantes participantes, cada grupo é uma contribuição para o respeito à herança cultural e as tradições do seu povo. Esta filosofia é um factor chave para uma compreensão mútua no sentido da diversidade cultural e cooperação internacional.

Outra vertente assenta na promoção do turismo local e regional aos países que nos visitam anualmente, sendo cada participante um potencial promotor das atracções que a cidade e a região oferece aos visitantes estrangeiros.

Após quatro edições do Caldas Interfolk Festival, a organização continuará a trabalhar no sentido de conferir anualmente mais e melhor qualidade ao espectáculo, para além de proporcionar à população uma relação mais próxima com as culturas, através de workshops de dança, conferências, mostras de trajes, artesanato e gastronomia como prevêem em 2008 no futuro Centro Cultural e de Congressos. Nesse sentido, pretende estabelecer parcerias com entidades locais que lhes faculte o apoio necessário em áreas de suporte, tais como, alojamento, alimentação, transportes, e para além destas, na elaboração do espectáculo e das oficinas e painéis abertos à comunidade.

Com vista a implementar este projecto, a organização conta com a colaboração de uma aluna da Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha e simultaneamente membro da direcção do Rancho Folclórico e Etnográfico “Os Azeitoneiros” – Liliana Gomes, que frequenta actualmente o curso de Animação Cultural. Inserido em diversas cadeiras do curso, tem efectuado um levantamento dos recursos humanos e logísticas necessários para montar um evento com as características e dimensão que se pretende conferir a este tipo de espectáculo bem como os custos orçamentais implicados na sua concretização. 

Impulsionador deste projecto encontra-se também outro membro do grupo – Nelson Santos, que tem assumido há alguns anos o papel de relações públicas, estabelecendo os contactos necessários com os grupos estrangeiros e reunindo a informação necessária para garantir que o nível de qualidade e autenticidade de cada grupo participante é assegurado na medida do possível de acordo com o estilo que se apresentam: autênticos ou estilizados.

Francisco Gomes // Edição de 10-08-2006

“Os Azeitoneiros” de Alvorninha
Folclore das Caldas na Irlanda

O Rancho Folclórico e Etnográfico “Os Azeitoneiros” de Alvorninha cumpriu mais uma internacionalização. Desta vez, foi a Irlanda que pôde apreciar o folclore deste grupo das Caldas da Rainha.

De 7 a 10 de Julho, o folclore caldense desfilou em vários palcos da Irlanda, fruto de um intercâmbio entre o grupo Tir Na Nog, que já esteve na região das Caldas da Rainha, e o Rancho Folclórico e Etnográfico “Os Azeitoneiros” de Alvorninha.

Fundado em 1983, o rancho de Alvorninha é membro da Federação de Folclore Português desde 1989, tendo já percorrido diversos países, como Espanha, Inglaterra, Estados Unidos, Suíça, Turquia, Polónia, Suécia, Grécia, Canadá e França.

Agora, uma comitiva composta por trinta elementos foi recebida nos arredores da capital irlandesa, Dublin, e logo no primeiro dia foram os idosos de um centro de dia que apreciaram as danças e cantares de Alvorninha.

No West Flinglas Tennants and Residence Association, os idosos rejubilaram com a exibição caldense, mostrando-se muito interessados na história das tradições dos “Azeitoneiros”, que lhes foi explicada em inglês por Nelson Santos, acordeonista e vice-presidente do rancho.

Ficaram a saber que em Alvorninha a apanha da azeitona e a produção de azeite eram uma actividade rural importante no séc. XIX e até meados do século XX. Todos os anos durante a época da apanha da azeitona chegavam de lugares distantes os ranchos de pessoas contratadas. Durante o trabalho cantavam e as horas de descanso muitas vezes passavam-nas a dançar. Era assim que se proporcionava um vasto intercâmbio de usos e costumes que se foram enraizando.

Seguiu-se uma actuação no clube de ténis municipal de Castleknock, onde o público presente também se divertiu e teve oportunidade de experimentar as danças do folclore de Alvorninha. Niallj Dalton, um dos responsáveis do clube, mostrou-se entusiasmado com a animação proporcionada e não hesitou em tentar tocar alguns dos instrumentos do rancho.

A última actuação decorreu na localidade de Carlow, num festival-competição de danças irlandesas. Comprovando a linguagem universal das artes, neste caso em particular das danças, o rancho português foi bastante aplaudido, surpreendendo com a rapidez dos seus passos e movimentos.

Junto ao centro comercial Fairgreen, onde decorria o concurso Leinster Fleadh, “Os Azeitoneiros” recriaram em palco a actividade da apanha da azeitona, mostrando a origem de algumas das suas danças. Por exemplo, o “Solidó” é uma espécie de canção de diálogo entre homem e mulher que trabalhavam nos olivais e juntavam as olivas. Na “Contradança”, como havia mais mulheres do que homens na apanha da azeitona, cada homem dançava com duas mulheres e assim todos bailavam. Em “Carreirinhas”, o tema era tocado pelos homens que trabalhavam com madeira, construindo barris e tonéis para o vinho e para o azeite. 

O sucesso do rancho foi também traduzido na procura de cd’s, que “Os Azeitoneiros” levaram para vender. “Época de um Povo”, o título do primeiro trabalho discográfico lançado pelo rancho, é composto por vinte e cinco temas das recolhas feitas pelo grupo ao longo de vinte anos, possuindo imagens, vídeo e fotos. 

Um CD que serve de cartão de visita do rancho, da freguesia, do concelho e de Portugal”, manifestou Nelson Santos.

A despedida do rancho efectuou-se num jantar em Allwood, onde a anfitriã do grupo local e directora de uma escola de dança de raparigas entre os 5 e 18 anos, Anne English, agradeceu ao rancho de Alvorninha por se ter deslocado à Irlanda para mostrar o folclore português, endereçando um convite para uma nova visita ao país.

Jorge Rocha, dançarino e presidente do rancho, destacou as “excelentes condições de acolhimento” de que foram alvos os elementos da comitiva, manifestando que a relação de amizade estabelecida ficará para sempre “no coração”.

Para além das actuações, o rancho teve ocasião de efectuar uma série de visitas pela capital irlandesa, com passagem pelos principais pontos de interesse histórico. Não faltou, inclusive, a deslocação à famosa fábrica-museu de cerveja Guiness.

Nos arredores de Dublin, o grupo esteve no castelo de Malahide, integrado num jardim botânico, e percorreu o Museu Nacional da Irlanda. 
Alguns emigrantes portugueses ao aperceberem-se da presença do rancho aproveitaram para matar saudades do país e trocar algumas impressões sobre a sua experiência fora de Portugal. Helena Gomes, empregada de limpeza, foi de Vila Nova de Gaia para Carlow e mostra-se muito satisfeita com o nível de vida. “Posso ter dois carros e pagar duas casas”, revelou.

Também os jovens Ricardo Vieira e Sérgio Filipe, trabalhadores numa fábrica de fiambre e na construção civil, respectivamente, conversaram com elementos do rancho e disseram que os salários valem a pena o esforço de estar fora do país. Não é, pois, à toa que a Irlanda é o segundo país mais rico do mundo por habitante, depois do Japão.

Como na altura se disputava o terceiro lugar do campeonato do mundo de futebol, a alma lusitana ganhava mais força e mesmo não tendo Portugal vencido a Alemanha, era bem patente o respeito que os irlandeses tinham pelo nosso país, considerando que a selecção caiu de pé e lutou até ao fim. Daí que não tenha admirado que até um sacerdote na catedral de Carlow, ao saber que o rancho era de Portugal, tenha começado a conversa pelo futebol, elogiando as prestações dos jogadores lusos.

Francisco Gomes // Edição de 26-07-2006

“Os Azeitoneiros” na Grécia

O Rancho Folclórico e Etnográfico “Os Azeitoneiros” de Alvorninha participou, nos dias 16 e 17 de Agosto, no 8º Festival Internacional de Folclore de Sperchiada, na Grécia. Foi uma oportunidade para trocar experiências etnográficas com grupos da Grécia e da Roménia.

Comprovando a linguagem universal das artes, neste caso em particular das danças, o rancho português foi bastante aplaudido, surpreendendo com a rapidez dos seus passos e movimentos.

A Grécia é um produtor importante de azeite e para “Os Azeitoneiros” foi como se tivessem feito uma viagem até às suas origens, referiu Mário Santos, director do rancho. Ainda hoje essencialmente agrária, a freguesia de Alvorninha teve na apanha da azeitona e na produção do azeite a principal actividade rural do século XIX e até meados do século XX, e são essas raízes de que o rancho é herdeiro.

As extensas propriedades de olivais, bem distribuídas ao longo do trajecto de três centenas de quilómetros entre Atenas (capital da Grécia) e Sperchiada, não deixaram de surpreender os 32 elementos do rancho.

Fiquei estupefacto quando vi tanta oliveira, não esperava... sabia que a Grécia era um país rico em azeite mas estava longe do meu pensamento encontrar quilómetros de oliveiras , todas bem tratadas e carregadas de azeitonas", exclamou Mário Santos.

Não foi possível ver a forma como os gregos varejam e apanham a azeitona, mas foi descrito que é semelhante à maneira como “Os Azeitoneiros” fazem, embora recorram às tecnologias modernas para desempenhar o trabalho. O rancho de Alvorninha é que demonstrou, em palco, como se vareja e apanha a azeitona. 

E ainda no palco, os movimentos dos dançarinos de “Os Azeitoneiros” deixaram os gregos satisfeitos. “Houve até quem dissesse que éramos um grupo profissional”, sublinhou Mário Santos.

Os trajes do rancho português também não deixaram de atrair as atenções dos gregos. Já é habitual ver nos grupos estrangeiros vestimentas coloridas e riquíssimas, mas pouco diversificadas de elemento para elemento, contrastando com os trajes portugueses, mais pobres mas com cada dançarino a vestir-se de maneira diferente. “Leva-nos a crer que ou os outros países sempre foram muito ricos ou então poderá haver uma falta de realismo na forma como trajam. Os nossos trajes são exactamente como os nossos antepassados vestiam”, declarou Nelson Santos, relações-públicas do rancho.

No âmbito do festival, o rancho fez duas actuações e houve ainda um terceiro espectáculo, numa esplanada.

À margem da dança, os elementos, que ficaram alojados numa residencial, puderam desfrutar de momentos culturais e deslocações a locais históricos da Grécia. “A Grécia encerra uma cultura muito vasta”, reconheceu Nelson Santos, apontando que a visita à acrópole, o maior monumento de Atenas, reunindo ruínas históricas, e ao santuário de Apolo, em Delphi, foram “momentos marcantes, por estarmos naquilo que era o nosso imaginário de manuais escolares”. 

Quinhentos anos antes do nascimento de Cristo, Atenas era o centro do mundo ocidental. O impacto do legado helénico nas línguas, cultura, arquitectura, ciência e política do Ocidente pôde ser constatado nas diversas visitas efectuadas pelo rancho. A viagem permitiu assim “o enriquecimento cultural” dos elementos do rancho.

Ao mesmo tempo que efectuava a deslocação à Grécia, de 15 a 21 de Agosto, pais, amigos e outros elementos do rancho trabalhavam arduamente nas Tasquinhas [Expotur, de 9 a 18 de Agosto]. “Fico emocionado com o trabalho que tiveram para recolher fundos para ajudar a pagar esta viagem”, destacou Mário Santos, adiantando que “no dia 5 de Outubro vamos fazer uma grande festa para agradecer a todos”.

O presidente da Junta de Freguesia de Alvorninha, Virgílio Santos, foi um dos elementos da comitiva. “O grupo comportou-se como deve ser e não envergonhou a freguesia, pelo contrário, e a avaliar pela forma como fomos recebidos e o impacto que teve o folclore português, leva-nos a pensar que a aposta na cultura tem que ser ganha, é evidente que as necessidades básicas das populações estão em primeiro lugar, mas atingidas que estão, é tempo de apostar na cultura”, afirmou o autarca, considerando que o rancho de Alvorninha “tem promovido bem a cultura e o nome das Caldas soou bem alto na Grécia”.

A vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira, foi convidada a ir à Grécia, mas não pôde aceitar por estar a decorrer a Festa de Verão na Expoeste. A autarca disse acreditar que o rancho representou bem o concelho.

Ainda assim, o director do rancho deixou um recado: “O concelho é rico em folclore e a autarquia tem de definir se o quer apoiar ou não”.

O rancho prepara-se agora para organizar jornadas de folclore, reunindo os ranchos do concelho.

Francisco Gomes // Edição de 12-09-2002

Cd interactivo mostra trabalho de Rancho Folclórico

O Rancho Folclórico e Etnográfico «OsAzeitoneiros», de Alvorninha, no concelho de Caldas da Rainha, está a preparar um cd interactivo que incluirá sons e imagens que retratam a realidade dos seus antepassados e a sua vivência no limiar do último século.

Após quase duas décadas de existência, o rancho entrou em estúdio para gravar o seu primeiro trabalho discográfico, um projecto que a direcção descreve como inovador, na medida em que se pretende incluir no mesmo trabalho uma vertente áudio de 25 faixas e 2 a 3 faixas com imagens da recriação da actividade dos azeitoneiros. “Desta forma, consegue-se integrar num só trabalho duas componentes que ajudarão muitos a compreender e a recordar as tradições de outras épocas, e ao mesmo tempo preservar o folclore e a etnografia num cd interactivo que ficará para as gerações vindouras”, explicou ao Correio da Manhã Nelson Santos, elemento do rancho, que projecta que a gravação esteja à venda no início de Janeiro de 2002. 

«Os Azeitoneiros» concentraram-se para dar vida às diversas personagens do grupo (noivos, feirantes, cavadores, capatazes, caseiros, varejadores, entre outros) e recriarem ao vivo as actividades por eles exercidas. Todo o trabalho inerente aos azeitoneiros de outrora foi retratado num olival, desde o enterreirar das oliveiras ao varejar e à apanha do precioso bago que constituía uma das grandes riquezas do povo. Também o casamento dos noivos foi simulado e não faltou sequer o bailarico no adro da igreja à saída dos mesmos. Os feirantes simularam o caminho para a feira montados num burro e transportaram à cabeça a respectiva cesta onde levavam algumas mercadorias adquiridas. 

As gravações culminaram numa quinta, com a chegada dos trabalhadores e a entrega da bandeira ornada de ouro e raminhos de oliveira. Em frente à bela fachada da quinta, os patrões receberam das mãos dos caseiros a bandeira e convidaram todos para um jantar de adiafa. Um divino manjar de batatas com bacalhau, regado com azeite novo, seguido de velhozes fritas no mesmo azeite da nova colheita. Até o pagamento dos trabalhadores foi simulado com autênticas moedas e notas da época para manter a recriação o mais genuína possível. O bailarico encerrou o convívio e rematou esta recriação, que para muitos foi algo de inédito, pois nunca tinham assistido a tais preceitos.

A iniciativa contou com a presença do presidente da Junta de Freguesia de Alvorninha, e do presidente e da vereadora do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal das Caldas da Rainha da Câmara.

A direcção do rancho acredita que este trabalho irá contribuir para o enriquecimento do folclore do concelho, da região e do próprio folclore nacional.

Francisco Gomes // Edição de 08-12-2001

Rancho de Alvorninha leva folclore à Suécia

A bandeira portuguesa esteve hasteada ao longo de uma semana em eventos culturais realizados na Suécia, onde o Rancho Folclórico e Etnográfico “Os Azeitoneiros”, de Alvorninha, concelho de Caldas da Rainha, se deslocou para demonstração das suas danças, cantares e etnografia, a convite de uma organização internacional de folclore denominada CIOFF (Conselho Internacional de Organizações de Festivais de Folclore e de Artes Tradicionais).

Os 35 elementos da tocata e do grupo de dançarinos participaram em primeiro lugar no “Gatufesten”, em Sundsvall, uma cidade com cerca de cem mil habitantes no centro do país, onde em cinco palcos diferentes passaram diversos estilos musicais e culturais, desde o pop, o rock, o breakdance, o hip-hop ou o folclore e a música popular, com destaque para a presença da cantora Alanis Morissette.

As principais actuações de “Os Azeitoneiros” aconteceram no âmbito da Halsinge Hambon, uma das competições de dança mais antigas na Suécia, baseada na lenda do encantamento de jovens ao som de um violino tocado pelo Diabo, disfarçado de homem. 

Segundo a lenda, um violinista desconhecido tocou de forma sedutora e irresistível aos ouvidos de jovens dançarinos, que ficaram enfeitiçados e não se aperceberam que era o Diabo, formando um círculo onde, durante dias e noites, não conseguiram parar de dançar, fazendo uma marca na rocha sólida, que se diz ainda hoje visível. Só pararam quando as suas cabeças se transformaram em caveiras e rolaram no chão.

A “dança da morte” é recriada hoje em dia em contraste com sua fatalidade, sendo agora “um jogo de alegria, prazer e divertimento”.

A prova iniciou-se em 1965, tendo o número de participantes chegado a atingir o recorde de 1500 pares dançantes durante os anos 70. Este ano foram cerca de 300 pares de dançarinos, de toda a Escandinávia, mas o evento continua a constituir um enorme festival de folclore que atrai multidões de ex-dançarinos, músicos, artistas e milhares de amantes da dança e da música tradicional. Realizou-se uma competição junior, com pares de dançarinos dos 6 aos 18 anos, e a competição senior, com um escalão dedicado aos maiores de 55 anos, que foram 22 pares.

A razão da festa para muitos não é propriamente para competir ou ganhar mas para se sentirem bem e absorverem a atmosfera e muitos outros eventos que decorrem em simultâneo ao redor do festival, como pequenos concertos e actuações, e as demonstrações de folclore de outros países.

O Halsinge Hambon é dançado em quatro cenários ao longo de mais de 70 km de estrada que acompanha paralelamente o rio Ljusnan - em Harga, Bollnas, Arbra e Jarvso. A área, County Halsingland, está situada a aproximadamente 300 km a norte de Estocolmo, capital da Suécia. County Halsingland é bem conhecida como uma área rica em tradições e folclore.

O Halsinge Hambon começa bem cedinho, logo pelas 6:30 da manhã, na pequena vila de Harga onde, de acordo com a lenda, o diabo encantou e conduziu a juventude da vila à destruição com o seu violino. O final tem lugar doze horas depois num centro cultural do século XIX, Stenegard, em Jarvso, onde fica localizada a maior igreja rural da Suécia, bem como uma paisagem impressionante.

Durante o programa, “Os Azeitoneiros” também actuaram, fazendo demonstrações do seu folclore sem entrar na competição da dança “hambo” (semelhante ao nosso vira valseado), a par de um grupo de dançarinos do Japão, da Lituânia e da Estónia.

Comprovando a linguagem universal das artes, neste caso em particular das danças, o rancho português foi bastante aplaudido, surpreendendo com a rapidez dos seus passos e movimentos o povo nórdico, habituado a gestos menos velozes e a trajes mais uniformes. Ver, por exemplo, um “corridinho”, é algo substancialmente diferentes ao que os suecos estão habituados, tendo reconhecido a firmeza e destreza dos dançarinos portugueses com aplausos dentro e fora dos palcos.

Francisco Gomes // Edição de 18-07-2001